segunda-feira, 11 de abril de 2011

ADÕ-IRÀN - Cabaça

Há um indubitável elemento de maldade em Exú, e por esta razão ele tem sido predominantemente associado a este contexto. Há quem diga que a força primordial de Exú neste mundo é armar emboscadas e criar situações dúbias, mas mesmo assim, não p0demos associá-lo ao "diabo". O que podemos reunir da nossa tradição é que ele toma o fazer travessuras como hobby, tal como
uma pessoa corrompida pelo poder que parece incontrolável; o sádico deleite em jogar suas forças de maneiras antipáticas e indiferentes. Cito que Exú não é a encarnação pessoal da maldade em oposição da bondade. Porém, é totalmente claro que os Yorubá colocam toda prática e tendência maléfica em seu agenciamento.
Quando uma pessoa comete alguma façanha que resulta em aborrecimento e prejuízo para si ou seu vizinho o Y orubá imediatamente diz:
EXú IO TI I
EXÚ IO NSÉ É
Exú é quem o agitou. Exú é quem o movimenta.
Talo de Mamona (Lara)- Porrete de Exú

As pessoas freqüentemente rezam:
KI A MÁ SE RI JÁ EXÚ
Que nós não experimentemos a batalha de Exú.
ou então:
EXÚ, MA XE MI, OMO ELOMI NIKI O XE
Exú, não me mova, é o filho de outra pessoa que você deve mover.
EXÚ EBORÁ - Força Caótica
Exú em seu estado EBORÁ pode ser enviado contra o inimigo. O método ritualístico de utilizar sua força destruidora é a seguinte:
O suplicante vai diante do assentamento de Exú, levando consigo azeite-de-dendê e adi "óleo extraído da noz do dendezeiro" que é a grande quizilia de Exú. O suplicante derrama azeite-de-dendê sobre o símbolo de Exú, dizendo:
- Exú, eu sei que esse é o seu alimento e assim eu trouxe para lhe oferendar, conceda-me o seu favor e a sua proteção.
A seguir derrama sobre Exú o adí e diz:
- Exú, eu sei que o adí é a sua grande quizilia e que não é o seu alimento. Não me atrevo a oferendá-lo. Mas fulano (diz o nome da pessoa inimiga) pediu para que eu trouxesse e lhe entregasse. Embora ele saiba que não seja o seu alimento, eu dou o adí em nome do fulano.
Após o ritual ser completado, Exú correrá para dar uma pancada em quem lhe mandou o presente de mau gosto. Todavia, deve o suplicante observar algumas precauções:
· não dormir enquanto não estiver certo que Exú completou o recado;
· ficar de plantão para quando Exú retomar de seu mandado;
· ter em mãos um frango novinho para oferendar à Exú e acalmar a sua ira, só assim estará livre para dar atenção a outros assuntos.
Mas supondo que o inimigo seja conhecedor de meios de defesa, tenha-se protegido contra os efeitos dessa magia e tenha desviado a ira de Exú, tudo fica muito complicado, porque o bastão de Exú desde uma vez levantado, não pode ser abaixado sem ser usado. O suplicante deve antecipar a probabilidade deste acontecimento e preparar uma oferta aceitável para Exú. Quando Exú é empregado dessa maneira é chamado de Sigidi e Elegbara.
EXÚ IMOLÉ - ORIXÁ
Neste estágio Exú é cultuado pelos Yorubá como sendo um orixá igual aos outros. Depositam toda a sua fé nas suas capacidades benevolentes e protetoras. Ele ocupa uma posição tutelar. É representado por um símbolo que é levantado no centro da cidade ou povoado, o que é repetido freqüentemente dentro de casa e em portas de templos onde se cultuam os orixás. As pessoas se dirigem a Exú religiosamente de forma que indica um bom relacionamento entre pai e filho. É chamado portanto, de Babá "pai". Existem pessoas chamadas EXUBIYI "filho de Exú", EXUGBA YI "aquele que é reivindicado por Exú" .
Há lugares onde festivais são realizados anualmente em seu nome. Em Ilê-Oluji esse acontecimento se dá em fevereiro, para marcar o cultivo anual da terra. Os Yorubá organizam esse festival para pedir as bênçãos de Exú para a lavoura, naturalmente acalmando-o para que tudo possa correr bem com o trabalho do fazendeiro durante o ano. Pois os Yorubá entendem que para tudo correr bem é necessário que o homem esteja intimamente ligado e harmoniosamente em contato com as vibrações positivas de Exú.
De todo os pontos que se olhe Exú, ele aparece com um caráter desconcertantemente versátil, é também extremamente caprichoso. Acredita-se que Exú tem duzentos nomes. Isso significa
que ele tem um caráter ardiloso e incerto, que não é fácil de se fixar. Ele pode ser chamado de:
LOGEMO ORUN
o indulgente filho do céu.
A-NLA-KALU
aquele cuja grandeza se manifesta em todo o lugar.
PAPA-WARA
o apressado, o súbito.
A-TUKA-MA-SE-E-SA
aquele que quebra em pedacinhos o que não pode ser reajuntado.

Conta na tradição que o seu primeiro lar na terra Yorubá foi OFÁ - a Ofá original, embora algumas vezes seja sugerido que foi Ketu. O seu culto predomina atualmente em Erin, perto de llobu. Ele é indubitavelmente uma das principais divindades dos Yorubá. Não há lugar onde ele não seja cultuado e propiciado. Seu altar pode ser em qualquer lugar: cidade, vila, povoado, moradia, encruzilhadas ou matas.

Asé!

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